Have you heard of the expression “Miranda Rights?”

Você já ouviu falar da expressão “Direitos de Miranda”?

Esse texto escrito em inglês aborda uma curiosidade relacionada ao trabalho de tradução e foi publicado originalmente no site TS EXPERT.


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U.S. Supreme Court building, Washington, D.C

Have you heard about “Miranda Rights?

Have you heard of the expression “Miranda Rights?” If you live in the US, the term should ring a bell. That is how the procedural safeguard found in the American Constitution not to self-incriminate is widely known. But if you live outside the US, the chances are that you may have never heard of such an expression.  

In 1966, the American Supreme Court ruled on Ernesto Miranda’s case specifying new guidelines to ensure the right not to self-incriminate under the 5th Amendment to the Constitution. That was the starting point of the famous expression, “Miranda Rights.” 

In several American television shows, you may have noticed the police officers are obliged to say a few words when arresting a suspect of any sort. Those warning words citing the right to not self-incriminate represent the “Miranda Rights.” Nonetheless, in Brazil, Miranda’s story is not widely known. Also, the subtitles in movies usually do not choose a word-by-word translation for the expression. 

I was reading a great legal thriller many years ago when I stumbled upon the expression Direitos de Miranda. As a Brazilian lawyer, I had no problem grasping the meaning of the term. The author referred to the 5th Amendment of the American Constitution, which grants anyone under a criminal accusation the right to remain silent.  

On the other hand, imagine what would happen with all Brazilians who are not familiar with Ernesto Miranda’s story? The translator, for sure, was not aware of the popularity of the name Miranda in Brazil. Although the translation was excellent and the reading was pleasant and smooth, in my opinion, there were better options for the translation of this particular expression. 

Unfortunately, the word-by-word translation process failed in this case. At that point, I believe many Brazilian readers stopped for a minute or two wondering who was the new mysterious character who had just appeared on the plot: Mr. “Miranda.” 

The expression “Miranda Rights” could be translated, for example, as “Constitutional Rights” – Direitos Constitucionais – or “The Right to Remain Silent” – Direito de Permanecer em Silêncio. Better yet, the translation could have been “The 5th Amendment Protection” – Proteção da 5ª Emenda. The Portuguese-speaking audience would have understood what the author wanted to convey using any of those translations because the Brazilian Constitution has similar procedural safeguards. 

As the American author Mark Twain once said about translation, “The difference between the almost right word and the right word is a large matter. It’s the difference between the lightning bug and the lightning.”  

Sometimes, a single translation mistake could distort the meaning of the message, bringing unforeseen or even unwanted understanding to the story. That is why one of the biggest challenges for translators around the world is to supersede the word-for-word process and capture what the author had in mind and what he was trying to convey. 

As Anthony Burgess once said: “Translation is not a matter of words only: it is a matter of making intelligible a whole culture.” 

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A good translation happens when we go beyond the words and capture what the author wants to convey.

Você já ouviu falar da expressão “Direitos de Miranda”?

Você já ouviu a expressão “Direitos Miranda?” Se você mora nos Estados Unidos, o termo deve lhe chamar à atenção. É assim que é amplamente conhecida a salvaguarda processual encontrada na Constituição americana para não se auto-incriminar. Mas se você mora fora dos Estados Unidos, é provável que nunca tenha ouvido falar dessa expressão.

Em 1966, a Suprema Corte americana julgou o caso de Ernesto Miranda especificando novas diretrizes para garantir o direito de não se auto-incriminar consagrado pela 5ª Emenda à Constituição. Esse foi o ponto de partida da famosa expressão “Miranda Rights.”

Em vários programas de televisão americanos, você deve ter notado que os policiais são obrigados a informar o suspeito sobre seu direito de permanecer em silêncio, ter um advogado presente e ter um advogado nomeado se for indigente. Essas palavras de advertência representam os “Direitos Miranda.” No entanto, no Brasil, a história de Miranda não é amplamente conhecida. Além disso, as legendas dos filmes geralmente não escolhem uma tradução palavra por palavra para a expressão.

Há muitos anos, enquanto lia um ótimo thriller jurídico, me deparei com a expressão “Direitos de Miranda“. Como advogado brasileiro, não tive problemas em compreender o significado do termo. O autor referia-se à 5ª Emenda da Constituição Americana, que concede a quem está sob uma acusação criminal o direito de permanecer calado.

Por outro lado, imagine o que aconteceria com todos os brasileiros que não conhecem a história de Ernesto Miranda? O tradutor, com certeza, não sabia da popularidade do nome Miranda no Brasil. Embora a tradução tenha sido excelente e a leitura agradável e suave, na minha opinião, havia melhores opções para a tradução desta expressão em particular.

Infelizmente, o processo de tradução palavra por palavra falhou neste caso. Nesse ponto, acredito que muitos leitores brasileiros pararam por um minuto ou dois se perguntando quem era o novo personagem misterioso que acabara de aparecer na trama: o Sr. “Miranda”.